― Não sei o que fazer por você, meu amor. Mas saiba que tenho tentado de tudo.

Até um dia desses eu só sabia sofrer, mas agora me avolumei numa força feita de fome e recorri ao meu próprio pavor vazio, assustadoramente tão sombrio quanto os mais perversos.

Meu pai sonha com minha formatura, pois saiba, papai, eu nunca vou terminar de me formar mesmo após o esfarelamento final.

Tudo parecia ter voltado à apatia anterior, mas eu bem sabia que sob aquela finíssima película de mentira residia uma perversão quando não infinita, ao menos incomensurável e o suficiente para incitar a loucura nas mentes mais resilientes, grupo no qual a minha não fazia sequer figuração.

Há em mim verdades que jamais direi, algumas por não saber como e outras só por não querer.

― Você ficaria se eu dissesse que te amo?― Você me ama?!― Não sei.― Talvez.― Por quê?― Porque se você dissesse e eu conseguisse acreditar, e eu gostaria de acreditar eu diria que sim.― Não.― Não o quê?― Não ficarias.― Eu sei.― Tchau.― Adeus.

Eu preciso que você saiba.Eu preciso que você entenda.Eu preciso que você me ame por causa e apesar de tudo.

Eu bem sabia que sob cada fina ou espessa película ou membrana de pó ou gordura jazia uma maldade incomensurável.

O que se sabe da realidade se sabe por telefone sem fio.