Mas mesmo assim escrevo cartas de amor, grito pedidos de socorro, envio para o espaço sideral meu desespero humano na esperança de chegar aos ouvidos e mãos de quem me entenda.

Meu amor a te esperar vegeta, meu amor a te buscar não se represa.

Como agir sem pressupor? Sem arriscar um experimento à queima-roupa? Pra que viver sem expectativas? Sem a esperança de um prazer desinibido? Aspiro inspirações, inspiro aspirações e vivo elucidações líricas até expirar de vez o sopro de vida para longe, longe do meu peito. Quem sabe até tuas mãos.

Eu enigmatizo a minha vida na esperança de que alguém a resolva. Entre a minha e a do outro há um labirinto de cartas de amor e pedidos de socorro.

Com ou sem compania eu continuo minha dança morfocromática bailando a ressurreição do mundo.

Eu bóio na superfície do mundo inteiro até descobrir onde mergulharei.

Esperança... sempre a esperança de que aconteça o que se precisa que aconteça por mais improvável ou até mesmo impossível que seja.

Continuo porque meu passado me sonhou.

Perdi a esperança no mundo, deixei de acreditar na bondade alheia.