Eu escrevo uma literatura de uma sensualidade erógena inorgânica: água brotando da terra.

Quando leio transformo livro em fichamentos, quando escrevo transformo fichamentos em livro.

Me afeiçoei a sua pessoa, cidadão a quem escrevo.

Quando ganho beijo na bochecha escrevo, quando ganho tapa na cara escrevo e quando não ganho nada ou perco tudo eu ainda assim escrevo.

Escrevo um trabalho braçal de pensamento esmurrado ao papel.

Eu escrevo monólitos construídos por processos de deposição controlada.

Escrever, método auto-erótico de satisfação solitária produz um escrito, objeto libidinoso ideal.

Não só de ferimentos escrevo mas também do que quer que for me ocorrendo.

Tão exaustivo e pouco gratificante o escrever me culmina em ruínas.