Existe uma ausência urgente pairando em cada centímetro do vilarejo.

Em todo caso, são dias de penitência.

Desde que os recolheu, tornou-se responsável por eles. De certa forma isso o faz se sentir menos miserável, porém não mais feliz.

Para a maioria das pessoas, não perceber a presença do mal é um sinal de que tudo está bem. Para Edgar Wilson, é justamente o contrário. Não pressentir o mal não é sinônimo de que ele não existe ou desapareceu. São os opostos devidamente dosados que mantêm o sistema equilibrado e, assim, se o mal se ausentou, é provável que o bem também o tenha feito.

Melchior foi o primeiro que voltou a si. A reflexão corrigiu a espontaneidade, e o padre reassumiu o gesto usual, com essa dissimulação que é um dever, quando a sinceridade é um perigo.

Os homens complicaram muito a vida. Veja... Rádio, jornais sensacionalistas, televisão, aviões. Pressa, muita pressa. Vive-se depressa, morre-se depressa, come-se depressa, ama-se depressa. É como se quiséssemos chegar o quanto antes a um ponto determinado. No fim veremos que não há nenhum objetivo sério.

Nem todos os homens tem ouvidos para perceber o aviso do destino. Coitados! Porque nem sempre Ele nos traz a morte e o desespero. Muitas vezes está nos esperando à porta com uma braçada de flores e de felicidade.

É meio filho de Deus, meio filho da puta, assim como a maioria de nós.

Eu queria fazer um livro, não da vida como ela é, mas como eu queria que ela fosse. Um livro para a gente pegar e ler quando quisesse esquecer a vida real... Eu entendo a arte como sendo uma errata da vida. À pagina tal, onde se lê isto, leia-se aquilo...- Mas Noel, - fez Fernanda - quando se procura um livro não é para fugir à vida, mas para viver ainda mais, viver a vida de outras personagens, em outras terras, outros tempos. Ainda é o desejo de viver que nos leva para os romances.

(Nunca acreditei no diabo. Apenas em pessoas seduzidas pelo mal.)